Plenilúnio
Fernando Pessoa
As horas pela alameda
Arrastam vestes de seda,
Veste de seda sonhada
Pela alameda alongada
Sob o azular do luar...
E ouve-se no ar a expirar
A expirar mar nunca expira
Uma flauta que delira,
Que é mais a ideia de ouvi-la
Que ouvi-la quase tranqüila
Pelo ar a ondear e a ir...
Silêncio a tremeluzir...
Pálida, a Lua permanece
Fernando Pessoa
Pálida, a Lua permanece
No céu que o Sol vai invadir.
Ah, nada interessante esquece.
Saber, pensar - tudo é existir.
Mas pudesse o meu coração
Saber à tona do que eu sou
Que existe sempre a sensação
Ainda quando ela acabou...
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