Poema de Van Gogh
Vagando outro dia, na lua de uma noite fria,
eu conheci um estranho, um homem,
eu conheci um estranho, um homem,
um filho da rua, um homem feito nós.
Caminhando por entre faróis,
parei pra pensar em flores,
parei pra gritar as dores
parei pra gritar as dores
de amores mortos atrás.
Viajando por parques escuros,
parei pra pixar em muros
canções de alguém cantar.
Vagando um outro dia,
no frio de uma lua cheia,
toquei o corpo de um estrangeiro,
toquei o corpo de um estrangeiro,
de um homem sem cheiro,
feito água de um ribeiro.
Falando ao seu ouvido,
julguei não estar atento
e caminhei em direção a sóis,
falando só.
Percorrendo países, cidades e mundos,
cheguei ao campo de girassóis.
Extasiado diante dos nós
sabendo não estar só,
andando por entre amarelo,
andando por entre amarelo,
toquei em tinta de outra cor.
Vivendo na profusão do criador,
pude enxergar a mão do pintor.
Descobri-me então como parte da criação.
Descobri-me livre pra colorir uma emoção.
Saltei ileso como um nascituro feliz
pra viver o sonho de ser tinta,
pra viver o sonho de ser tinta,
de procurar ser aprendiz.
Dreams . Akira Kurosawa
1990
Um abraço pro Macaco...
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